Demanda por peças usadas faz preço de sucatas de veículos crescer até 400% em Campo Grande
byHildebrando Procópio
-28 de novembro de 2022
O preço da sucata de veículos subiu nos últimos meses em Campo Grande. Em alguns estabelecimentos da Capital que comercializam as peças retiradas de veículos leiloados, o preço para arrematar um veículo cresceu em até 400% durante a pandemia.
Do lado da oferta, o número de leilões de sucatas do Detran e Tribunal de Justiça também cresceu, com alguns ofertando lotes com dezenas de veículos entre carros e motos das categorias de sucatas inservíveis e para reciclagem. As ofertas vão desde modelos novos, como Chevrolet Onix, até mais antigos, como GM Chevette Marajo.
Porém, o número de concorrentes que disputam os leilões também cresceu diante da demanda das peças usadas. Durante os momentos mais críticos da pandemia, algumas montadoras de automóveis paralisaram as atividades, o que represou a demanda de veículos e peças novas.
De acordo com o proprietário do Comércio de Peças do Jean, Jean Carlo Lamperi, que compra sucata de carros utilitários, a disputa nos leilões ficou mais acirrada desde o início do ano.
“Tem que brigar até onde o bolso der, a gente precisa fazer uma conta para ver se precisa dar lucro ou não”, afirma o homem que pagava cerca de R$ 15 mil e hoje arremata as sucatas em torno de R$ 35 mil, uma diferença de 133,3%.
João Machado, da Auto Peças Trindade, no bairro Vila Progresso, conta que comprava sucatas de carros populares por cerca de R$ 2 mil, enquanto o preço atual subiu para R$ 10 mil, uma variação positiva de 400%. Ele observa que os valores e as disputas acirraram desde o começo do ano ado, devido ao aumento do preço dos veículos novos.
Peças das sucatas são retiradas para revenda. (Foto: Casa de Leilões)
Quem antes arrematava até seis veículos por mês, hoje compra no máximo dois. Na avaliação de João não compensa comprar a sucata aproveitável porque na comparação com o preço do carro apto a circular é parecido. “Agora compensa comprar o carro normal porque a sucata vem estragada e para retirada de peça tem mais peças aproveitáveis”, explica.
Do outro lado da cidade, no bairro Mata do Jacinto, o proprietário do Ipê Peças Usadas, Juan Muiz, reduziu a margem de lucro de até 60% para 35% nos últimos meses. “Está mais caro comprar sucata de carro desde o começo da pandemia porque o pessoal começou a comprar mais peças usadas e a concorrência aumentou”, ele avalia.
Ele abriu o negócio recentemente e relembra que um chefe antigo já chegou a pagar R$ 100 mil por 9 sucatas de caminhonetes Hilux em 2014, enquanto o preço atual de cada uma chega a até R$ 70 mil.
“Eu compro, em média por mês, sucata de um carro novo e uns quatro ou cinco de carros velhinhos, de 2005 para baixo. Hoje a concorrência nos leilões está maior”, afirma.