A estiagem adiantou pelo segundo ano consecutivo a paralisação da navegação na Hidrovia Paraguai-Paraná, que corta o oeste de Mato Grosso do Sul. Normalmente, a interrupção começa em novembro, mas este ano foi no início de setembro.
A possibilidade disso acontecer já havia sido alertada pelo secretário de estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck. “Acredito que até o final de agosto a gente não opera mais. Temos o monitoramento pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e vemos uma redução pela falta de chuvas. Só está navegando ainda porque a Vale usa um sistema de barcaça”, disse no início de agosto.
Essa paralisação se prolonga de dois a três meses, em períodos normais. “É uma rotina habitual, que todos estão preparados. Mas isso vem se agravando a cada ano. Em fevereiro, normalmente volta, mas estamos à mercê da chuva”, explicou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Corumbá, Cássio Costa Marques.
Com as águas tão baixas, as barcaças das mineradoras Vale e Vetorial deixam de navegar em sua capacidade máxima. “O minério de Corumbá também abastece o mercado interno, é o que vem ajudando. A Argentina é um dos mercados compradores, mas essa seca violenta impacta muito a exportação”, avaliou Marques.
A situação preocupa, mas não chega a causar prejuízos, garante o secretário. “No turismo, até há restrição aos barcos, mas a seca não influencia, só a piracema”, pontuou.
Segundo o meterologista Natálio Abrahão, a região só deve ver chuva para valer nas próximas semanas. “Deve chover no domingo, mas chuva significativa só em outubro”, frisou.
Em nota, a Vale informou que mantém a navegação com embarcações menores. “A Vale está acompanhando as condições de navegação pelo rio Paraguai, cujo nível apresenta tendência ao declínio, e até o momento tem realizado os embarques com embarcações de baixo calado. A empresa utiliza logística multimodal (fluvial, rodoviário e ferroviário) para atendimento ao mercado, cuja operação é feita de forma segura, responsável e em constante diálogo com os órgãos públicos e comunidades, seguindo a legislação”, informou.
CAMPO GRANDE NEWS