Com a pandemia, a partir de maio de 2020, os Estados Unidos baniram a entrada de qualquer pessoa que tenha estado no Brasil nos 14 dias anteriores à viagem ao país, como forma de evitar a transmissão de coronavírus de um país para o outro.

A interdição é válida ainda hoje e atinge mesmo aqueles que possuem vistos americanos válidos, com exceção de autoridades e cidadãos americanos.

Desaceleração do fluxo e mudança de perfil

Os dados preliminares do órgão americano de Patrulha e Controle de Fronteiras mostram que o contexto internacional de pandemia e as restrições impostas pelos Estados Unidos alteraram o perfil dos migrantes brasileiros e reduziram o fluxo de entrada no país.

Enquanto em dezembro e janeiro do ano ado, o fluxo de brasileiros era contado às centenas por mês, e boa parte deles estavam em família com crianças, como era o caso de Silva, em abril de 2020, apenas 49 brasileiros tinham sido apreendidos na fronteira com o México. Todos eram adultos e estavam sozinhos.

Muro na fronteira dos EUA com o México em San Diego/Tijuana

Muro na fronteira dos EUA com o México em San Diego/Tijuana

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Em números gerais, em abril de 2020, apenas 16 mil pessoas foram encontradas por autoridades americanas tentando migrar ilegalmente, um número considerado extremamente baixo para os padrões de migração da região.

Os dados de setembro de 2020, no entanto, apontam para uma clara retomada do movimento, com 58 mil pessoas detidas no período.

No total, 402,8 mil pessoas sem documentos tentaram entrar nos Estados Unidos no ano fiscal de 2020. O número representa uma queda de 65% em relação ao total de migrantes ilegais apreendidos em 2019. Considerados apenas os brasileiros, a queda na entrada de 2019 para 2020 foi de 58%.

Os dados devem ser intensamente explorados pelo atual presidente e candidato à reeleição Donald Trump. Parte da plataforma política do republicano é limitar a imigração ao país. Em 2016, ele havia prometido a construção de um muro em toda a fronteira entre México e Estados Unidos.

Embora apenas trechos da obra tenham sido feitas, os números de 2020 serão um trunfo para a campanha de Trump a 20 dias das eleições presidenciais.