Porto Murtinho, cidade fronteiriça de 18 mil habitantes, tornou-se um celeiro de
oportunidades como portal da Rota Bioceânica (Brasil-Chile) e a sociedade
local, sobretudo os empresários e a classe trabalhadora, deve se atentar para
essa transformação e se preparar para investimentos em novos negócios e se
capacitar para a absorção da oferta de empregos. A integração física com o
Pacífico, por Mato Grosso do Sul, é uma realidade concreta.
A afirmação, que soa como um chamamento para esse novo momento
econômico do Estado e da região, é do professor Lucio Flávio Joichi
Sunakozawa, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e
presidente da Aliança Jurídica Internacional da Rota de Integração Latino-
americana. Ele foi um dos palestrantes do seminário realizado em Porto
Murtinho, como parte da programação do Festival Internacional do Chamam.
Prefeito Nelson Cintra diz que Governo do Estado e Prefeitura investem para
preparar o município para os avanços previstos com a Rota Bioceânica
Presente ao evento, o prefeito Nelson Cintra enfatizou que a istração
municipal está fazendo a sua parte ao preparar a cidade para o
desenvolvimento, com a parceria do Governo do Estado, bancada federal e do
Sebrae. “Temos falado incansavelmente com a população sobre essa
transformação, o murtinhense tem que assumir a paternidade de sua cidade”,
disse. “Hoje estamos investindo mais de R$ 100 milhões, com a ajuda do
nosso governo.”
Mundo de olho em Murtinho
Com o tema “Porto Murtinho e a geografia da modernidade”, o evento realizado
na manhã deste domingo, no auditório do Cine Teatro Ney Machado Mesquita,
abordou a perspectiva geopolítica e jurídica da fronteira sudoeste com a
implantação da ligação rodoviária Atlântico-Pacífico. O novo corredor reduzirá
tempo e custo no escoamento da produção nacional, em especial do Centro-
Oeste, aos mercados asiático, médio oriente e oeste norte-americano.
“Os murtinhense precisam olhar para a transformação que está ocorrendo com
essa integração, se conscientizarem das oportunidades que estão surgindo e
saírem do comodismo e da descrença com o que vai ser uma mina de ouro”,
disse Lucio Flávio, chamando a atenção da população local para se antever a
esse novo momento e investir em capacitação e prestação de bons serviços,
com o apoio do Sebrae e Sistema S, e novos empreendimentos.
O palestrante comentou que a UEMS faz parte de uma rede de universidades
dos quatro países da rota (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile) voltada à
pesquisa do novo eixo e ressaltou que a Bioceânica é hoje o maior projeto
transnacional em andamento na América Latina. “Não podemos esperar dois
anos, quando a ponte (sobre o Rio Paraguai) estiver pronta, para começar essa
nova geografia, Murtinho hoje é um centro de atenção mundial”, observou.
Expansão do agro e turismo
A transformação da região já ocorre em paralelo aos investimentos dos
governos brasileiro e paraguaio em infraestrutura logística, segundo Lucio
Flávio, citando a expansão da agricultura na região sudoeste, centro do
corredor. “Murtinho se tornará um grande celeiro de oportunidades emergentes,
a Bioceânica é um o projeto audacioso que vai muito além do Pacífico, vai
ar as três Américas, alavancando o agronegócio e o turismo”, pontuou.
Palestrantes do seminário falam sobre os reflexos da Rota Bioceânica para o
Estado e principalmente para Porto Murtinho
Mestre e doutoranda em desenvolvimento local, a pesquisadora Gabriela
Oshiro, da UCDB, defendeu como tese a Rota Bioceânica com foco na fronteira
de Porto Murtinho com Carmelo Peralta (Paraguai), e abordou no seminário as
relações e diretrizes tributárias, jurídicas e trabalhistas desse novo corredor
comercial. O debate teve como mediadora a turismóloga e especialista em
gestão pública Vivian Cruz, assessora de projetos do Cidema e do município.
Texto: Silvio Andrade